FREGUESIA:  Arganil
CONCELHO: Arganil
DISTRITO:   Coimbra

 

PARÓQUIA DE ARGANIL
ORAGO: S. Gens

 

HISTORIAL

 

Atrai-nos pela ilusão de que ali poderemos reencontrar, ainda vivo, um pedaço do nosso passado colectivo e da nossa cultura.

 

Apinhado na crista do Monte sobranceiro à vila, ergue-se o Santuário de Nossa Senhora do Mont’Alto, de onde é possível observar a harmonia do casario distribuído em tanta beleza e cativante fascínio, para além de um diversificado e empolgado horizonte.

 

 

 

“Esta Palavra Arganil”

A origem do topónimo Arganil é talvez um dos temas mais interessantes sobre o qual se têm debruçado diversos autores, apresentando teses mais ou menos verosímeis.
Sobre este tema, passamos a transcrever excertos do estudo publicado por Amândio Galvão, na revista Arganilia, pois este resume e explica de forma bastante clara as várias hipóteses levantadas acerca da origem deste topónimo.

O vocábulo «Arganilia» vem, naturalmente, de Arganil; mas a palavra «Arganil»… donde virá?

A palavra Arganil aparece na nossa língua ostentando sinais de verdadeira preciosidade: é antiga e é rara. Antiga, com pelo menos quase novecentos anos, visto já em 1114 ter ajudado a tecer a dignidade dum texto de foral; rara, porque do conjunto do vocabulário português só aparece duas vezes, com o valor de topónimo: uma para servir de nome à velha vila condal do Distrito de Coimbra, outra para servir de nome ao recôndito lugarejo da Freguesia de Cardigos, no Concelho de Mação.

Fora deste quadro, com efeito, que saibamos, só Aquilino terá utilizado esta palavra como nome comum e significado “”arganel”” […] que na segunda edição e nas seguintes foi alterada, tendo a forma “Arganil” sido substituída por “Arganel”. […]No entanto, parece que o que nos foi dado verificar chega pelo menos, para justificar a dúvida que aqui deixamos, em forma de pergunta: não estará na origem disto apenas uma lamentável e irritante gralha tipográfica?..

[…] A primeira tentativa para explicar a formação da palavra Arganil deve ter tido origem em notícias orais, que diziam terem aparecido, próximo da capela de S. Pedro, restos de tijolaria romana e moedas da mesma época. Mas não só essas noticias, sobretudo em documentos escritos por Pedro Henriques de Abreu nos meados do século XVII, o qual aludia á existência de ruínas de edifícios, de pedras lavradas e de colunas. […]

É preciso que se diga desde já, que, até hoje, e que se saiba, ninguém estudou a sério a questão. Todavia, bastou aquilo para, entre os arganilenses, nascer e se espalhar a ideia de que as ruínas mencionadas naquele documento diziam respeito a uma cidade edificada pelos Romanos, mais tarde arrasada pelos Mouros. […] a verdade é que até hoje ninguém descobriu prova contundente de tal riqueza e de tal núcleo.

[…] Uma coisa, porém, é certa: estas ideias enraizaram fundo na mente dos habitantes – o que, aliás, em nosso entender, e em si mesmo, talvez não custe a explicar. Com efeito, sendo a região naturalmente pobre, e pobre, por conseguinte, a generalidade dos seus moradores, – é perfeitamente compreensível que à imaginação destes tenha ocorrido a ideia de descenderem de gente rica.

Mas, afinal, como teria surgido a palavra Arganil das ruínas da cidade romana? […] Talvez não seja muito errado supor que algum arganilense mais imaginativo tenha visto na dita notícia uma boa achega para explicar a origem da sua terra que, depois de a ter lido, tenha pensado que Arganil devia ser como que o prolongamento no tempo dessa antiga cidade, a certa altura desaparecida, como tal, por efeito de alguma devastação levada a cabo pelos Mouros, que tenha pensado mesmo que o próprio nome de Arganil confirmaria esses factos na medida em que devia resultar da junção das palavras latinas Argos, nome da cidade, e nihl, que significa “nada”, o nada a que Argos ficara reduzida depois do ataque mouro.

Só que, não se conhecendo, até hoje, quaisquer provas válidas da existência da cidade, do nome que tinha e da destruição de que teria sido alvo, parece ser caso para concluir de todo este imbróglio: não foi a vila de Arganil que teve origem na cidade de Argos, mas sim a ideia da cidade de Argos que foi inventada a partir do nome Arganil.

 

[…] Vejamos agora uma outra tentativa de explicação, bem diferente da que acabamos de analisar.

Em 1873, O Portugal antigo e moderno, dedicava um extenso artigo a Arganil, o qual, apesar dos reparos que pontualmente possa merecer acerca do rigor da informação que presta, inclui uma notícia cheia de interesse para o nosso problema. Ei-la: «Arganil é palavra portuguesa antiga, diminutivo de arga, significa pequeno campo, campinho. Arga é corrupção de Agra, campina, do latim agro, campo».

Tratava-se, manifestamente, de uma hipótese verosímil que justificava ser explorada logo a seguir, com todo o interesse. No entanto, haveria de quedar no esquecimento por muitos anos ainda praticamente ignorada da opinião pública. Com efeito, só em 1946 o padre A. Nogueira Gonçalves, seguindo tal linha de investigação, viria a ocupar-se, finalmente, do problema. […] Vejamos o que nos diz a tal respeito o trabalho do padre A. Nogueira Gonçalves:
«O nome de Arganil, deve ser muito antigo. Por natureza própria do vocábulo, vê-se que é uma designação revelando o género da topografia local, não como de altura, de colina, mas de terreno baixo, significando ágora ou campo, como vamos ver.

«Os nomes de lugares que têm como radical o agrum clássico são numerosos. Encontramo-lo sem elementos complementares em Agro, ou como definitivos, como de Boi, do Banho, do Cabo, Maior, Monte, etc.; ou com sufixos como Agroal, Agrolongo, Agrelo. Paralelamente aparecem em formas em que o R mudou de lugar, pelo fenómeno linguístico conhecido por metátese: Argo e Arga, com definitivos do Monte, de Cima, de Baixo, ou por formas compostas, Argela, Argainha, Argomil, Argoselo, Arguela, etc.

«A este segundo grupo pertence Arganil, com o radical Argo, o sufixo il, que significa qualidade, e o infixo médio, sem significado algum, requerido por uma instintiva boa elocução.

«O nome, pois, de Arganil, é designativo dum campo, e esse campo era a baixa da ribeira, a jusante da vila, com o espraiamento da foz; não designava um agregado populacional, mas, sim, um pequeno território com qualidades individuais, isto é, terreno próprio para a cultura».

Aqui tem o leitor, pelo parecer autorizado de A. Nogueira Gonçalves, a explicação mais provável para a formação da palavra Arganil, explicação, em que, repare, foi esquecida a passagem da antiga forma Arganil para a actual.

[…] Pondo de parte sugestões explicativas que pertencem já ao domínio da lenda – como a dos amores de Arga e Nil e a dos Argonautas – , de facto sem interesse para o nosso caso, havemos de concluir que foi realmente o padre professor doutor A. Nogueira Gonçalves o primeiro investigador a estudar a sério o problema das origens de Arganil.

Uma teoria definitiva para explicar este enigma? – O conhecimento científico não se coaduna com posições definitivas; é, no entanto, seguramente a única explicação digna de crédito até hoje avançada sobre o texto.”

Regina Anacleto, na sua magnífica obra Cidades e Vilas de Portugal – Arganil, diz-nos que: […] Embora Alexandre Herculano aponte a existência de documentos referidos a Arganil, a verdade é que, até ao presente, não foram localizados e a primeira notícia certa relacionada com o percurso histórico desta «vila de província» remonta ao início do século XII; com efeito, sabe-se que o senhorio de Arganil, por doação de D. Teresa, pertencia à mitra de Coimbra e o bispo D. Gonçalo, em 25 de Dezembro de 1114, concedeu-lhe foral; o documento, de extraordinária importância, testemunha a vida económica e social dos habitantes, fortemente enraizados ao solo e escrupulosamente presos às velhas tradições romano-góticas. Mas os moradores, ciosos de liberdade na escolha daquele que devia gerir os seus destinos, embora onerando as suas certamente magras bolsas, fizeram-lhe uma adenda: Além de tudo isto, acrescentámos um sexteiro a cada boi para que não nos pusessem ninguém por alcaide se não a nosso contento.

Infere-se deste adiantamento a existência de magistraturas próprias em Arganil e a forte determinação popular de, mesmo no início do século XII, não prescindirem de tomar parte activa na vida política do burgo, embora à custa de um encargo fiscal suplementar.

Entrou novamente, por escambo, na posse da coroa que ainda nesse mesmo século dispôs de Arganil e seu termo a favor de Pedro Uzbertis, provavelmente filho de um aventureiro franco com o mesmo apelido e que veio participar na Reconquista; D. Teresa e Afonso I fizeram-lhe largas doações, permitindo desta forma, a Pedro Uzbertis, dar, no primeiro de Janeiro de 1175, carta de povoamento ad suos homines de arganil que, na sede do concelho viram e ouviram o documento  – et concilio de arganil videntes et auditores. Nesta altura Arganil continuava a ter como fonte principal de subsistência a agricultura, a pastorícia e a caça.

A posse da terra continuou com Afonso Pires de Arganil, seu descendente, casado com D. Velásquida de Çamora.[…]

[…] Seguiu-se-lhe no senhorio da terra o filho, D. Pedro Afonso de Arganil e Çamora, casado com D. Estevainha Pais de Valadares e escolhido pelo rei, certamente por via da sua alta linhagem, para a alçada das Cortes de Santarém realizadas em 1273; veio a morrer cerca de quatro anos depois.

Apesar da enorme prole masculina e feminina, de Pedro Afonso de Arganil e Çamora, herdou o senhorio do burgo D. Marinha Afonso, «pessoa de calidade», possivelmente «criada da Rainha e de bons costumes, e estimação», que se casou com Fernão Rodrigues Redondo, cavaleiro já amadurecido pela idade e oriundo de Santarém, onde possuía considerável fortuna, vate na coroa de nossos reis e, como eles descendente de carolíngios.

O poeta era décimo sexto neto de Carlos Martel, além disso, exercia em 1297, data em que Pedro de Aragão, irmão da Rainha Santa, se fixou em Portugal, o cargo de seu mordomo-mor, tendo sido dezoito anos depois nomeado por D. Dinis meirinho-mor. Por via do casamento celebrado juntou o senhorio de Arganil ao de Pombeiro de que era também detentor.

Das inquirições ordenadas por D. Dinis, que decorreram entre 1290 e 1314, infere- se que o casal vivia em Arganil, onde fundou os «seus passos» e fez construir uma capela (a de S. Pedro) que devia servir de corporal para si e para os seus descendentes. […]

[…] Embora em 1355 o rei tivesse entregue, por escambo, a Martim Lourenço da Cunha uma parte de Arganil que havia separado para si, dando desta forma origem ao senhorio de Pombeiro, a verdade é que no postumeiro (último) dia de Fevereiro, por carta dada em Elvas, entregou em dote a D. Maria, sua neta e filha de D. Pedro e de D. Constança Manuel, o senhorio da actual vila e de outras terras em razão do seu casamento com Fernando de Aragão. […]

[…] Mais tarde, no tempo de D. Fernando, estas terras voltaram para a coroa, não porque a infanta D. Maria tivesse morrido, mas porque o rei seu irmão as “desempenhou”, considerando-as “apenhadas”, em virtude do referido dote; e fez isto para, através de uma carta de doação, lavrada no paço de Alcanhões em 24 de Março de 1376, conceder Arganil à pequena infanta D. Beatriz, sua filha e de Leonor Teles.

Depois de D. João I ter sido eleito rei, em 1385, doou o senhorio de Arganil a Martim Vasques da Cunha, seu partidário e pertencente a um ramo paralelo ao dos de Pombeiro […]

[…] Arganil entrou, logo no final de Trezentos, na posse dos bispos da cidade mondeguina, que na altura eram já senhores de Coja, Avô e Lourosa.[…]

[…] A partir do momento em que a mitra de Coimbra tomou posse de Arganil, a vila manteve-se na posse dos seus novos senhores que devem ter praticado os últimos actos jurisdicionais a 29 de Fevereiro de 1828 e a 27 de Setembro do ano seguinte, quando nomearam o Dr. José Saraiva Quaresma de Oliveira para partidor dos órfãos e apresentaram para alcaide José António de Figueiredo. Em meados do século XX, por indicação da Santa Sé, que recomendou aos eclesiásticos o abandono das honras temporais a que tinham direito, D. Ernesto Sena de Oliveira deixou de usar o título, sem que, contudo, a ele pudesse renunciar, uma vez que Afonso V o havia concedido aos bispos aeminienses ad perpetuam.

O rei D. Manuel I, aquando da reforma dos forais, concedeu em oito de Junho de 1514 «nova carta» à vila; o documento, que, tal como todos os outros de idêntico teor se reveste de enorme importância no contexto da centralização do poder real e não só, regeu a vida das populações durante um largo lapso temporal. […]

 

Na freguesia de Arganil, são muitas as lendas que vão passando de geração em geração como a do roubo da imagem do Menino da Ladeira, que foi escondida dentro de um castanheiro e que lá permaneceu durante muitos dias. Segundo se conta mesmo durante o Inverno as folhas do castanheiro não caíram e as suas folhas eram todas amarelas cor de ouro. Posteriormente a imagem foi encontrada por um pastor e levada de regresso à igreja e ainda hoje o castanheiro é a última folha a deixar cair as folhas; ou a lenda do mendigo que todas as semanas ia a uma casa pedir esmola, onde lhe davam sempre um bolo de cebola e ele como agradecimento dizia: “Quem bem faz, para si o faz, Quem mal faz, para si o faz”.

Ora, nessa casa havia uma serva muito má que não gostava do mendigo e decidiu envenenar o bolo. Mas um dia os filhos dos donos da casa perderam-se no bosque e foram parar a casa do mendigo que, para lhes saciar a fome, ofereceu um pedaço do bolo. Quando chegaram a casa a sentir-se muito mal e contaram o que tinha acontecido, a serva foi obrigada a contar o que tinha feito. Graças a um “vomitório” os meninos foram salvos, mas a criada foi castigada e logo a puseram porta fora. É que, “Quem bem faz, para si o faz, Quem mal faz, para si o faz”.

Conta-se também a velha lenda sobre uma disputa entre três rios portugueses nascidos na serra da Estrela: o Mondego, o Alva e o Zêzere. Estes três rios, tranquilos e alegres, envolveram-se certa tarde numa discussão motivada por arrogância e valentias e decidiram fazer uma corrida cuja meta seria o mar, e o primeiro que lá chegasse seria o melhor dos três.

Mondego levantou-se cedo e começou a correr brandamente para não fazer barulho; o Zêzere, que estava alerta, fez o mesmo e começou a mover-se oculto no seu leito de penhascos, mas ao chegar a Constância, vendo-se perdido e cansado, abraçou o Tejo; o Alva, sonhador, passou a noite a contemplar as estrelas e adormeceu.

Quando acordou viu os irmãos correndo por lonjuras mas não desistiu e lançou-se pelos campos fora, rasgou montanhas e rochedos, mas quando pensava estar perto de atingir o seu objectivo, esbarrou com o Mondego, que já se tinha lançado no seio maternal do Oceano e ganhara a corrida.

Furioso e zangado, o Alva atirou-se ao irmão para tentar tirá-lo fora do leito. Quando se sentiu incapaz ante tanta serenidade do outro, espumou de raiva e o Mondego engoliu-o de um trago.

Segundo esta lenda, terá sido o memorável encontro que fez com que as gentes passassem a chamar ao memorável local de encontro “Raiva”, em memória deste caso “tremebundo”.

Topo

GEOGRAFIA:

Situada praticamente no centro do concelho, no sopé da Serra do Açor, é uma das catorze freguesias/união de freguesias que o integram. A sede de freguesia situa-se na margem esquerda do Rio Alva e é atravessada pela ribeira de Folques. Dista da sede de distrito cerca de 58 Km, cujos acessos rodoviários mais importantes, neste momento, são a E.N. 17, a 8 Km, ou em alternativa o I.C.6, que dá acesso ao I.P3, a cerca de 12 Km.

 

A Freguesia, além da sede, engloba os seguintes lugares:

Alagoa, Aveleira, Barrosa, Cadavais, Carvalhas, Casal de S. José, Gaeiras, Liboreiro, Lomba, Maladão, Nogueira, Pereiro, Ponte da Valbona, Rochel, S. Pedro, Salão, Sarcina, Senhor da Ladeira, Torrozelas, Valbona, Vale do Cordeiro, Vale Nicolau, Vale da Nogueira e outros isolados.

 

EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

 

1911 1940 1960 1970 1981 1991 2001 2011
2917 3238 3247 2936 3292 3175 3987 4002

 

DENSIDADE POPULACIONAL:

 

1970      1981   1991
 85,4   95,8   95,4

 

DIVISÃO ETÁRIA: 

 

Crianças Adolescentes  Adultos    Idosos
13.57%      15.52%    45.5% 25.41 %

 


NÚMERO DE RESIDENTES: 4002 habitantes (Censos de 2011).

NÚMERO DE ELEITORES RECENSEADOS:  3511

DESENVOLVIMENTO E TURISMO:

   O desenvolvimento rural da freguesia fica a dever-se, em boa parte, ao fenómeno regionalista que nasce em Lisboa, por volta da segunda década do século passado, que deu origem às comissões, ligas ou sociedades de melhoramentos, que desde aí têm sido o motor do desenvolvimento das localidades onde se implantaram.


Devido ao abandono a que sempre esteve votada esta zona da Beira Serra, o que ainda hoje nem a descentralização conseguiu resolver em pleno, grupos da colónia arganilense então residentes na capital, começaram a constituir-se em associações com o propósito de tirar do isolamento o seu pequeno rincão, quotizando-se entre si ou exigindo ao poder central comparticipações para a construção das infra-estruturas mais básicas, tais como: melhores vias de acesso, escolas, fontanários, iluminação pública, etc.


Assim nasceram as Comissões de Melhoramentos que ainda hoje se mantém bem vivas e têm sido um grande parceiro do desenvolvimento desta freguesia. Pena é serem ainda tão ignoradas pelo poder Central, e até algumas vezes pelo próprio poder Local.
Conjuntamente é fundada em Lisboa, no número 23 da rua da Fé, a Casa da Comarca de Arganil, que vem a confederar a maior parte das ditas associações, não só desta freguesia como de toda a Comarca.

 

SECTORES ECONÓMICOS:

 

Primário Secundário   Terciário
16%        49%        35%

 

     

MEIOS DE ACOLHIMENTO:

Para melhor receber os visitantes e curiosos turistas esta freguesia dispõe do Hotel Arganil, da Residencial Canário e do Parque de Campismo de Arganil.

 

DESPORTO, CULTURA E LAZER:

 

                              

  

Preocupados com o desenvolvimento integral do local, esta freguesia dota-se de alguns meios como Posto de Turismo, Corpo Nacional de Escutas Agrupamento de Arganil, Museu Etnográfico, Biblioteca, Cine-Teatro Alves Coelho e Casa Municipal da Cultura.

 

   Arganil dispõe também do Centro de Aventura “Cumes do Açor’, onde se podem praticar variadíssimas actividades como canoagem, passeios equestres, todo o terreno, BTT, escalada, passeios pedestres, canyoning, tiro com arco e obstáculos com cordas. Também ligadas à promoção do desporto, Arganil dispõe de colectividades como o Grupo Desportivo Argus, a Associação Atlética de Arganil, o Clube Desportivo de Caça e Pesca de Arganil e o  Motoclube de Arganil.

   Na vertente do desporto motorizado, falar de Arganil, significa falar de Rallye. Efectivamente, nas últimas décadas, pelas nossas estradas têm passado os melhores pilotos mundiais dos últimos tempos, ao volante de velozes e possantes máquinas. Na verdade quase todos os rallyes que se realizam no país, com relevância para a prova portuguesa que entra na classificação mundial (Rallye de Portugal) incluem classificativas   nas estradas desta freguesia.

   Também o Motocross se tem desenvolvido pela mão do Motoclube de Arganil, o qual chegou mesmo a ser galardoado internacionalmente pela organização de Provas do campeonato mundial e europeu da modalidade.

 

No âmbito da cultura musical, Arganil conta com a centenária Filarmónica Arganilense, com os grupos “Gomape Music“, “Tecloviola”, “Funil e Abelhinha“, “Metralhas Brothers“, “Raio X”, e ainda com o Grupo Folclórico da Região de Arganil e Rancho Folclórico Juvenil da Casa do Povo e a Tuna Popular de Arganil.

 

ACÇÃO SOCIAL:

 

Não descurando esta importante área de acção, esta freguesia tem ao dispor dos seus habitantes um Centro de Saúde, com Unidade de Internamento, Imagiologia (RX e Ecografia); Análises Clínicas e brevemente Serviço Básico de Urgência – SUB; uma Unidade de Cuidados Continuados; APPACDM; duas farmácias, um posto de G.N.R., um bem equipado corpo de Bombeiros Voluntários, postos de abastecimento de combustíveis; correios e zonas comerciais com diversos tipos de lojas.

 

Além destas, merece destaque o Lar da Terceira Idade e Centro de Dia, da Santa Casa da Misericórdia de Arganil, instituição que de há três séculos a esta parte tem desenvol-vido obra meritória e continua na linha da frente da acção social na freguesia e não só.

 

COMUNICAÇÃO SOCIAL:

    A Comarca de Arganil, trissemanário até meados de 2000 e agora semanário, fundado em 1 de Janeiro de 1901, com expansão no mundo inteiro, nas colónias emigradas da região, é apelidado de “carta de família”.

 

    Rádio Clube de Arganil, estação que, como tantas outras, começou como “Rádio Pirata” por carolice do arganilense Fernando Brandão, obteve Alvará em 1988 e passou a emitir regularmente na frequência de 88.5 Mz na defesa e propaganda de toda a zona Beira-Serrana. Pode ser sintonizado através da Internet aqui.

 

 

GUIA TURÍSTICO:

   Para satisfazer a sede de cultura dos seus visitantes esta freguesia tem para oferecer a Capela de S. Pedro, do século XIII, “verdadeira jóia do gótico provincial”, Igreja Matriz, do século XVIII, com torre sineira independente do corpo da Igreja, com relógio mecânico,  o Santuário do Mont’Alto e o conjunto de capelinhas ao longo da ladeira; a capela do Senhor da Agonia; a capela do Senhor da Ladeira (sec. XIII) que acolhe uma imagem de vestir do Menino Jesus, “vestido à portuguesa”; a Capela do Rochel, com retábulo do século XVI; a Pedra do Álamo, na aldeia de Nogueira, e o Pelourinho de Arganil, reconstituído na actualidade, 1974/75, depois de um estudo anterior, sob orientação e desenho do historiador e artista Monsenhor Nunes Pereira, sem integrar nenhuma peça de outros Pelourinhos, pois apenas se conhecia o Fuste que desapareceu. É de tipo normal, fuste oitavado e pinha de folhas, degraus estilo Manuelino e encontra-se no Largo Padre Manuel da Costa Vasconcelos Delgado.

 

Recomenda-se ainda a visita a locais de interesse paisagístico, tais como:

 

– Alameda da Fonte dos Amandos, na vila;- Alto do Maladão, na estrada para esta povoação, com vistas panorâmicas para o vale do rio Alva e ribeira da Aveia;- Estrada das Torrozelas e Selada das Eiras, com vistas para as ribeiras do Salgueiro e Monte Redondo;- Mont’Alto, a uma altitude de 425 metros, ponto dominante com possibilidade de observação de uma vasta zona circunvizinha- Mata e Jardim do Hospital de Arganil;- Serra da Aveleira;- Volta do Pote, na estrada para a Nogueira, onde se pode obter um largo e raro panorama, sobre a vila de Arganil e a sua zona cultivada, a ribeira de Folques, o rio e o Sarzedo, quer dia quer de noite.- etc.

 

TRADIÇÕES

 

FESTAS E ROMARIAS:

   Festas em honra de São Pedro, em S. Pedro, no último fim de semana de Junho ou primeiro fim de semana de Julho; Santa Isabel, no segundo Domingo de Julho; São Tiago, no Rochel, e Nossa Senhora da Salvação em data móvel em Julho; Nossa Senhora da Saúde, na Lomba, e São Joaquim, no Maladão, em data móvel em Agosto; Nossa Senhora do Mont’Alto entre 13 e 15 de Agosto; Sagrada Família, no Casal de São José, em data móvel em Setembro; Santo António, na Nogueira, no penúltimo ou último Domingo de Agosto; e Nossa Senhora da Conceição a 8 de Dezembro, na vila. Anualmente, para além destas festas de cariz religioso, realizam-se outras como o Aniversário da Comissões de Melhoramentos, ou outros convívios.

FEIRAS:

  Realiza-se de 5 a 8 de Setembro a Feira de Mont’Alto, a mais importante do Concelho, onde há transacções comerciais de toda a espécie, incluindo gado e artesanato de cobre, barros, cestas, palitos e colheres de pau, acompanhadas de música, exposições de pintura e escultura, cançonetistas nacionais, grupos de folclore, filarmónicas, etc.

Semanalmente, às quintas-feiras realiza-se o mercado.

 

Arganil a Festa e a Feira:

   Segundo Amândio Galvão, a Festa e a Feira, juntamente com o próprio Mont’Alto, representam as três paixões a que o arganilense se mantém fiel ao longo de toda a vida.
A origem das tradicionais feiras remonta à época dos romanos em que o território da Península Ibérica foi dividido, a fim de que os seus invasores e ocupantes pudessem controlar a tributação a que obrigavam a população. Em termos administrativos, esta divisão mostrou ser positiva, pois embora com algumas alterações, chegou até nós sob a forma de divisão em freguesias.

   Porém, acontece que após se fixarem e fazerem vida em determinado lugar, as várias comunidades ficavam praticamente isoladas umas das outras, sobrevivendo praticamente apenas com aquilo que conseguiam produzir. Todavia, sentiu-se a necessidade de trocar produtos e com o tempo começaram a aparecer em cada vila mercadorias transportadas por mercadores ambulantes. A certa altura as trocas deixaram de ser directas, e foi introduzido o dinheiro e, para conveniência de todos, combinaram-se ocasiões e lugares para encontro de vendedores e compradores.

   Mas esta não foi a única consequência do isolamento, criaram-se também condições que propiciaram o desenvolvimento de sentimentos religiosos na alma das pessoas que se sentiam inseguras e precisavam de protecção. E, com efeito, a Igreja Romana difundiu e espalhou, pela Península Ibérica, a sua doutrina com elevada rapidez e quando os templos abertos ao culto passaram a ser especialmente dedicados à invocação de certa divindade, em princípio protectora dos habitantes de determinado local, cumpria homenageá-la de forma diferenciada todos os anos em determinado dia.

   E a origem da festa e feira de Arganil em nada difere do que foi referido. Em 1114, quando a Sé de Coimbra decidiu promover o povoamento do território das terras de Arganil, mandou erigir um templo no local que hoje conhecemos como Ribeira de Folques. Tal como noutras freguesias, para além do templo principal surgiram outros secundários, um dos quais o que foi erguido no cimo do cerro hoje conhecido por Mont’Alto.

   Ora, é de presumir que a ideia de construir uma ermida dedicada à Virgem no topo deste monte tenha mobilizado o interesse dos primeiros povoadores da vila, pois assim sentir-se-iam mais seguros por imaginarem estar permanentemente sob o olhar protector da Senhora.

   Segundo a lenda do Mont’Alto, devido à dificuldade de construção no alto do monte, teriam tentado construir a ermida num monte mais baixo. Mas a Virgem não terá gostado da solução que estavam a querer dar ao seu caso e , num belo dia, para surpresa de todos, desapareceu e foi encontrada no cimo do monte onde inicialmente tinha sido encontrada. Perante a evidência do “desejo” da Virgem, a Igreja foi construída no cimo do monte apesar de todas as dificuldades.

   Em a Corografia Portuguesa, pode ler-se que existia já em Arganil “uma ermida de N. Senhora do Mont’Alto (que) é imagem milagrosa (celebrando-se) sua festa a 8 de Setembro, em cujo dia há feira franca no terreiro dos Paços do Bispo”

   Assim, ficamos a saber que, no fim do século XVII começo do seguinte (data da redacção da Corografia Portuguesa), realizava-se simultaneamente a festa e a feira que ao longo dos anos passou de 2 para 3 dias.

   Com o passar do tempo, os feirantes chegaram à conclusão de que não precisavam de subir o monte no dia da Festa para fazerem o seu negócio: bastava esperarem os romeiros no fundo da ladeira.

   Assim ter-se-á dado a separação da Festa e da Feira. Com o passar do tempo houve uma nova alteração como os romeiros eram cada vez mais, passaram a fazer a Feira no largo do Paço que era o melhor sitio para feirar, pois ficava perto do caminho para o monte.

Em 2006, a Câmara Municipal, deliberou transferi-la para o Sub-Paço, junto à ribeira de Folques, facto que em nada prejudicou o evento.

   Em 1873, a data da festa e da feira acabam também por se distanciar. Assim, em 1873, já a festa se realizava a 15 de Agosto e a Feira em Setembro, situação que, com ligeiras actualizações, chegou até nós.

   Desde 1980 a Feira do Mont’Alto constitui o núcleo de apoio e estrutura a uma outra – conhecida por FICABEIRA, com características novas, âmbito geográfico mais vasto e maior duração, que pretende ser cada vez mais uma feira de amostras das actividades industriais, comerciais e agrícolas de toda a região Beira-Serrana.

   A Festa do Mont’Alto tem também beneficiado de grandes melhoramentos que desde o século XIX tem sido feitos ao Santuário – construção de estrada, abastecimento de água, fornecimento de energia eléctrica, construção de esplanada, edificação de escadaria, embelezamento do local, etc.

 

JOGOS E BRINQUEDOS TRADICIONAIS:

   De acordo com as memórias dos antigos, recuperaram-se diversos jogos tradicionais como jogo do Pau, do Enfia o pau, de puxar a corda, malha, cântaro, panelinha, fito em tabuleiro, roda quente, burro, porca, bola de pau, pau ensebado, pião, corrida de sacos, corrida de cântaros e corrida de arcos.


GASTRONOMIA

 

PRATOS TÍPICOS:

 

  São iguarias da região o bucho recheado, revitalizado e promovido pela Confraria do Bucho de Arganil; a chanfana; o bacalhau à lagareiro e o cabrito assado à serrana.

Todos estes pratos podem ser apreciados nos vários restaurantes da região, nomeadamente “Charles”,  “Tasquinha Regional”,  “A Grelha”, Snak Bar “O Telheiro”, “Pintassilgo”, “Marujinho das Beiras”, J&P Restaurante, “O Meu Restaurante”, entre outros.

Para os apreciadores de comidas menos regionais, há também a “Pizzaria Avenida,  Lanchonete Brasileira, O Andrade, O Xisto, Café Argus, entre outros.

 

VINHOS DA REGIÃO:

   Arganil, inserida na Região Demarcada do Dão, produz vinhos de grande qualidade, nomeadamente no Vale Nicolau e no Cansado que destinam praticamente ao cunsumo dos próprios produtores. Nalgumas aldeias produz-se o “vinho morangueiro”, de castas americanas, denominadas na gíria popular de “espeta-e-deixa”. Este produto, ao qual nem se devia chamar vinho, apresenta uma graduação alcoólica muito baixa, entre os 6 e 9 graus alcoólicos, e contém uma substância denominada malvina que, consumida em excesso, prejudica gravemente a saúde, inclusivamente pode provocar loucura. No entanto, o cadaço (engaço) destas uvas destilado em alambiques artesanais dá uma aguardente bagaceira muito apreciada, nomeadamente em Lisboa.

Também de forma artesanal, ainda se produz aguardente de medronhos e aguardente de mel, de boa qualidade.

 

DOCES REGIONAIS:

 

   Faz parte da confeitaria da região carolos (doces), tigelada, sonhos, castanhas com leite, farta-rapazes, sequilhos e coscoréis.

 

INDÚSTRIA

  A Indústria, que ainda há pouco tempo era mais diversificada, (cerâmica, resinas, serração de madeiras, metalúrgica, energia solar, etc.), neste momento, devido a criação de zonas industriais, situadas fora da área da freguesia, para onde se transferiram, resume-se, a:- Mecânica de precisão – Solalva; Serralharia – Madeljor, entre outros;- Várias Empresas de Construção Civil; e pequenas oficinas de serralharia e marcenaria.

 


ARTESANATO:

  Para não esquecer a manufactura do passado, permanecem vivas várias artes de artesanato, através de alguns artesãos da região. Assim, em Arganil podemos encontrar o  Sr. Luís Carvalho, que faz esculturas em xisto, a D. Marília da Conceição Gomes, pintora em porcelana, Sr. António Dias, escultor, entalhador e restaurador e ainda o Sr. Abel Pereira (Casa do Apicultor) e a D. Maria Helena das Neves Barata (Casa do Mel), produtores de mel.

Topo

              

 

 

Arganil, sede de um Concelho que se espalha por um «mare magnum» de serranias, ondulações, penhascos de caprichoso recorte, um corpo de inigualável beleza, teve o seu primeiro foral em 1114, concedido por D. Gonçalo, Bispo de Coimbra, e renovado por D. Manuel em 1514.